Adolescer com ESTILO
Ambulatório de Adolescência da Unicamp
Um estilo de vida saudável faz toda diferença!
Bebidas alcoólicas e os adolescentes:
Por ELIZETE PRESCINOTTI DE ANDRADE
Conheça a legislação:
O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil é permitido somente após os 18 anos de idade, entretanto existem poucos empecilhos á sua aquisição por adolescentes.
A lei Federal 8.069, que instituiu o “Eca” (Estatuto da criança e do Adolescente) prevê no artigo 243 pena de detenção de 2 a 4 anos mais multa para quem:
“Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a crianças e adolescentes, sem justa causa, produtos cujo os componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indireta”. O artigo 243 foi reeditado pela lei federal 10.764, de 12 de novembro de 2003 aumentando a pena para reclusão e o tempo para .
Lei do estado de São Paulo nº 14.592, de 19 de outubro de 2011, proíbe vender, ofertar, fornecer, entregar e permitir o consumo de bebida alcoólica, ainda que gratuitamente, aos menores de 18 (dezoito) anos de idade, e dá providências correlatas, fiscalizando e punindo os estabelecimentos que não cumprirem a lei.
As propagandas veiculadas na mídia incentivam os jovens a beberem cada vez mais, nesse sentido existe a lei 9.294, de 2 de julho de 1996 reeditada duas vezes em 2000 e em 2003 que regulamenta a propaganda de bebidas alcoólicas, mas ela considera para tal regulamentação, apenas as bebidas potáveis acima de 13 graus Gay Lussac.
Com isto as propagandas de cervejas ficam fora desta regulamentação. A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida por crianças, adolescentes e adultos no Brasil.
Por que alguns adolescentes bebem?
Transições de desenvolvimento tais como a puberdade e a crescente independência, têm sido associadas com a utilização de álcool. Então, em certo sentido, sendo apenas um adolescente pode ser um fator de risco não só para começar a beber, mas também para beber perigosamente. O cérebro continua a se desenvolver até bem mais de 20 anos, tempo durante o qual continua a estabelecer conexões de comunicação importantes e refina ainda mais a sua função. Acredita-se que esse longo período de desenvolvimento pode ajudar a explicar parte do comportamento que é característico da adolescência, tais como sua propensão a buscar situações novas e potencialmente perigosas. Para alguns adolescentes, busca por emoção pode incluir experiências com álcool.
Alerta:
Outro fator de extrema relevância, demonstrado em estudos consistentes, realizados em vários países, é a influência que a permissividade e as atitudes dos pais têm sobre a opção dos filhos quanto ao uso abusivo de álcool e mesmo de drogas e cigarros. Demonstram que na maioria das vezes os adolescentes começam a ingerir bebidas alcoólicas em casa e muitas vezes, estimulados pelos pais.
Alguns pais utilizam o seguinte argumento: prefiro que bebam em casa sob minha supervisão, ou até permitem bebidas nas festas em sua casa para que o filho ou filha se tornem mais populares entre os colegas.
Outro ponto a se considerar na família é o uso que ela faz do álcool, seja como sempre associá-lo a situações de alegria ou recompensa, ou mesmo o uso abusivo por algum dos pais. Os problemas familiares que não relacionados ao álcool também influenciam o abuso do álcool entre os adolescentes. Um estudo da Unifesp realizado em escolas paulistanas em mais de 40% dos casos, a primeira experiência com álcool ocorreu na própria casa do jovem, com um drinque oferecido por alguém da família. Irmãos que fazem uso de álcool ou outras drogas também influenciam negativamente o adolescente.
Estabelecer idade mínima para o adolescente consumir bebidas alcoólicas pode prevenir o mau uso do álcool:
Comportamentos complexos, como a decisão de começar a beber, são resultado de uma interação dinâmica entre genes e ambiente. Por exemplo, mudanças biológicas e fisiológicas que ocorrem durante a adolescência podem promover a adoção de comportamentos de risco, levando a experimentação precoce do álcool. Este comportamento, em seguida, molda o ambiente do adolescente, como ele ou ela escolhe os amigos e situações em que possa beber mais.
Desta forma, os padrões juvenis de consumo de álcool podem marcar o início de um caminho de desenvolvimento que pode levar ao abuso e à dependência. Entretanto nem todo adolescente que experimenta vai fazer mau uso.
O estabelecimento de uma idade mínima para beber leva em conta a alterações fisiológicas da puberdade, os fatores protetores, a genética, características de personalidade, os fatores sociais e ambientais. Com um período maior para iniciar o uso o adolescente adquiriria maior experiência e os pais poderiam observar melhor o comportamento e atitudes do adolescente e orientar melhor o uso.